Um aparelho gessado é um envoltório composto em camadas rígido e circunferencial que visa imobilizar uma parte do corpo, geralmente uma extremidade.
Em geral, os aparelhos gessados consistem em uma meia de tecido delicado sobre a pele, sobre a qual é colocada uma camada de acolchoamento macio, seguido por múltiplas camadas finas de tiras flexíveis de gesso ou fibra de vidro que endurecem rapidamente por meio de uma reação química. Material semelhante é utilizado para fazer talas, que diferem principalmente pelo fato de o gesso ou fibra de vidro não ser colocado circunferencialmente em torno da parte do corpo.
Indicações
Contraindicações
Fraturas agudas ou luxações com risco de edema contínuo que pode desenvolver isquemia causada por síndrome compartimental após compressão excessiva de uma bandagem circunferencial
Complicações
Lesão térmica (causada pela reação exotérmica do endurecimento do gesso ou da fibra de vidro)
Feridas por pressão, neurapraxia e/ou lesão isquêmica (causada por pressão excessiva)
Síndrome compartimental (às vezes causada, em parte, por compressão excessiva de uma bandagem circunferencial)
Equipamento
Meia de malha
Acolchoamento em rolo
Material de moldagem de gesso ou fibra de vidro*
Tesouras resistentes
Água morna e um balde ou outro recipiente
Luvas não estéreis
*Ambos os materiais são igualmente eficazes. A escolha depende da disponibilidade e preferência do paciente. O comprimento e a largura dos materiais dependem da parte do corpo que está sendo imobilizada.
Posicionamento
Deve-se posicionar o paciente de modo que o profissional tenha acesso apropriado à extremidade afetada.
O membro deve ser posicionado no alinhamento anatômico apropriado para a lesão específica.
Descrição passo a passo do procedimento
Escolher uma meia com a largura apropriada; deve ser bem ajustada, mas não tão apertada a ponto de comprometer a circulação.
Aplicar a meia de modo a cobrir a área (p. ex., cerca de 5 a 10 cm) proximal e distal à área na qual se prevê que o gesso será aplicado.
Colocar várias camadas de acolchoamento (geralmente, 4).
Enrolar o acolchoamento circunferencialmente, de distal para proximal, sobre a área à qual o gesso será aplicado. Sobrepor cada volta com a metade da largura da próxima volta do acolchoamento.
Aplicar o acolchoamento firmemente contra a pele, sem folgas, mas não tão firmemente a ponto de comprometer a circulação.
Estender o acolchoamento ligeiramente (cerca de 3 a 5 cm) além da extensão prevista para o aparelho gessado ou de fibra de vidro.
Aplainar o acolchoamento conforme necessário para evitar protrusões e irregularidades. Arrancar parte do acolchoamento em áreas com rugas para alisá-lo.
Adicionar pedaços separados, não circunferenciais, do acolchoamento ao redor e sobre proeminências ósseas.
Imergir o material de moldagem em água morna.
Espremer delicadamente o excesso de água do material do aparelho gessado. Não torcer o gesso.
Aplicar o material de moldagem circunferencialmente de distal a proximal, sobrepondo cada volta com a metade da largura da próxima volta do material de moldagem.
Utilizar 8 a 10 camadas de gesso (em geral) ou 2 a 4 camadas de fibra de vidro para assegurar resistência adequada do aparelho gessado.
Alisar o material de moldagem de modo a preencher os interstícios no gesso, unir as camadas e adaptar-se ao contorno do membro. Utilizar as palmas das mãos, em vez de as pontas dos dedos, para evitar a formação de reentrâncias que predispõem o paciente a úlceras de pressão.
Dobrar a meia de volta antes de adicionar a última camada do material de moldagem. Reposicionar a meia de malha e o acolchoamento de algodão extras nas margens externas do gesso para cobrir as bordas do material de imobilização e criar uma margem lisa; fixar a meia de malha sob o material gessado.
Manter a parte do corpo na posição desejada até que o material moldado endureça o suficiente, geralmente 10 a 15 minutos.
Verificar o estado neurovascular distal (p. ex., preenchimento capilar e sensibilidade distal) e função motora.
Cuidados posteriores
Determinar o estado funcional recomendado (p. ex., se o paciente deve carregar peso na extremidade afetada).
Organizar ou recomendar acompanhamento apropriado.
Fornecer instruções verbais e por escrito.
Aconselhar o paciente a elevar o membro imobilizado acima do nível do coração sempre que possível nas primeiras 48 a 72 horas.
Aconselhar o paciente a manter o gesso limpo e seco.
Aconselhar o paciente a não inserir nenhum objeto entre a pele e o aparelho gessado e a não cortá-lo.
Instruir o paciente a observar complicações como piora da dor, parestesia/dormência e/ou mudança de cor distalmente ao gesso.
Instruir o paciente a procurar atendimento médico se a dor não puder ser controlada com medicamentos orais em casa ou se o paciente apresentar parestesias/dormência e/ou alteração de cor distalmente ao gesso.
Alertas e erros comuns
A aplicação de um aparelho gessado a um membro inchado pode predispor à síndrome compartimental; pode-se utilizar uma tala por vários dias até o edema diminuir.
Se dormência, formigamento ou sensação de aperto se desenvolver após a alta, o paciente deve ser instruído a procurar atendimento médico imediatamente.
À medida que o edema desaparece ao longo de uma ou duas semanas após a confecção do aparelho gessado, fraturas reduzidas podem desalinhar; assegurar acompanhamento atento.
Aplicar um acolchoamento de algodão muito apertado pode predispor à síndrome compartimental.
Não aplainar o gesso o suficiente fará com que as camadas não se liguem corretamente, produzindo um aparelho gessado fraco.
O posicionamento inadequado da articulação durante a imobilização pode causar contraturas.
Recomendações e sugestões
Utilizar água mais fria aumenta o tempo necessário para o endurecimento do material, o que dará ao profissional mais tempo para moldar o aparelho gessado.
Considerar a adição de acolchoamento extra sobre proeminências ósseas para minimizar o risco de úlceras de pressão.