Tricomoníase é a infecção da vagina ou do trato genital masculino causada por Trichomonas vaginalis. Pode ser assintomática ou produzir uretrite, vaginite ou, ocasionalmente, cistite, epididimite ou prostatite. O diagnóstico é feito por meio de exame microscópico direto, testes de tira reagente ou testes de amplificação de ácido nucleico das secreções vaginais, por urina ou cultura uretral. Pacientes e contatos sexuais são tratados com metronidazol ou tinidazol.
(Ver também Visão geral das infecções sexualmente transmissíveis.)
Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado sexualmente transmissível que infecta mais mulheres do que homens; nos Estados Unidos de 2013 a 2016, entre indivíduos com 14 a 59 anos, a prevalência foi de 2,1% entre mulheres e 0,5% entre homens (1). A infecção pode ser assintomática em ambos os sexos. Em homens, o organismo pode persistir por longos períodos no trato geniturinário sem provocar sintomas e pode ser transmitido a parceiros sexuais. Tricomoníase pode responder por 5% das uretrites masculinas não gonocócicas e não clamídicas em algumas áreas.
Coinfecção com gonorreia e outras infecções sexualmente transmissíveis é comum.
Referência
1. Flagg EW, Meites E, Phillips C, et al: Prevalence of trichomonas vaginalis among civilian, noninstitutionalized male and female population aged 14 to 59 years: United States, 2013 to 2016. Sex Transm Dis 46(10):e93-e96, 2019. doi:10.1097/OLQ.0000000000001013
Sinais e sintomas da tricomoníase
Mulheres podem apresentar sintomas da tricomoníase que variam de nenhum corrimento vaginal a corrimento vaginal copioso, amarelo-esverdeado e espumoso e odor de peixe, com sensibilidade na vulva e no períneo, dispareunia e disúria. Uma infecção previamente assintomática pode se tornar sintomática a qualquer momento, com inflamação da vulva e do períneo e edema de lábios. As paredes vaginais e a superfície do colo do útero podem apresentar lesões puntiformes, em tom “vermelho-morango”. Uretrite e, possivelmente, cistite também podem ocorrer.
Homens normalmente são assintomáticos; porém, algumas vezes, a uretrite resulta em uma secreção que pode ser passageira, espumosa ou purulenta, ou causar disúria e polaciúria, geralmente no início da manhã. Com frequência, a uretrite é leve e causa apenas irritação uretral mínima e umidade ocasional no meato uretral, sob o prepúcio, ou em ambos. Epididimite e prostatite são complicações raras.
Diagnóstico da tricomoníase
Exame vaginal com testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs), exame microscópico a fresco, testes rápidos com tira reagente de antígeno ou, às vezes, cultura ou citologia cervical
Cultura da urina ou swabs uretrais de homens
Deve-se suspeitar de tricomoníase em mulheres com vaginite, em homens com uretrite e em seus parceiros. A suspeita é forte se os sintomas persistirem após avaliação e tratamento para outras infecções como gonorreia e infecções por clamídia.
Em mulheres, pode-se realizar um dos seguintes testes diagnósticos com as secreções vaginais:
NAAT
pH vaginal e microscopia a fresco
Test rápido de fluxo immunocromográfico
NAATs são mais sensíveis do que o exame microscópico ou cultura para o diagnóstico da tricomoníase em mulheres. Testes com tira reagente do fluxo de imunocromatografia também estão disponíveis para exames em pontos de atendimento para mulheres. Não se utiliza citologia cervical (teste de Papanicolau) em testes para tricomoníase, mas a infecção às vezes é detectada casualmente.
O exame microscópico possibilita que o médico avalie simultaneamente se há tricomoníase e vaginose bacteriana, pois estas causam sintomas semelhantes e/ou podem coexistir. A amostra do corrimento vaginal é obtida do fórnix posterior. O pH é medido. Em seguida, as secreções são colocadas enre 2 lâminas e diluídas com hidróxido de potássio a 10% em uma lâmina (exame a fresco com KOH) e com cloreto de sódio a 0,9% na outra (exame a fresco com soro fisiológico). Para o teste do cheiro, a amostra de KOH é marcada por odor de peixe, decorrente das aminas produzidas na vaginosis bacteriana. A lâmina úmida com soro fisiológico é examinada ao microscópio óptico o mais rápido possível para detectar tricomonas, que podem se tornar imóveis e mais difíceis de reconhecer minutos após a preparação da lâmina. (Os tricomonas tem a forma de pera com flagelos, muitas vezes móveis, e em média têm 7 a 10 micrômetros — aproximadamente o tamanho dos leucócitos, mas ocasionalmente alcançam 25 micrômetros.) Se houver tricomoníase, haverá também numerosos neutrófilos. Tricomoníase também é comumente diagnosticada visualizando o organismo quando o teste de Papanicolau (Pap) é feito.
Cultura da urina ou swabs uretrais é o único teste validado para detectar T. vaginalis em homens. Em homens, a microscopia da urina não é sensível e os NAATs não são atualmente disponibilizados pela FDA, mas podem estar disponíveis se os laboratórios locais fizeram estudos internos de validação.
Assim como no diagnóstico de qualquer infecção sexualmente transmissível, pacientes com tricomoníase devem realizar testes a fim de excluir outras doenças sexualmente transmissíveis comuns, como gonorreia e infecção por clamídia.
Tratamento da tricomoníase
Metronidazol ou tinidazol oral
Tratamento dos parceiros sexuais
Mulheres com tricomoníase devem receber metronidazol, 500 mg, por via oral, duas vezes ao dia, durante 7 dias. Os homens devem receber metronidazol 2 g por via oral em dose única. Um tratamento alternativo para mulheres e homens inclui tinidazol, 2 g, por via oral, em dose única.
Se a infecção persistir em mulheres e a reinfecção por parceiros sexuais foi excluída, as mulheres devem receber metronidazol 500 mg, duas vezes ao dia, por 7 dias, ou tinidazol, 2 g, por via oral, uma vez ao dia, durante 7 dias.
O metronidazol pode causar leucopenia, reações semelhantes às de dissulfiram com álcool, ou superinfecções por Candida. É relativamente contraindicado no início da gestação, embora possa não apresentar risco ao feto após o 1º trimestre. A segurança do tinidazol na gestação não foi comprovada e, portanto, este não é utilizado.
Parceiros sexuais devem passar por consulta e tratados para tricomoníase com os mesmos esquemas baseados no sexo e devem ser examinados para outras infecções sexualmente transmissíveis. Se houver probabilidade de má aderência ao acompanhamento clínico pelos parceiros sexuais, o tratamento pode ser iniciado em parceiros sexuais de pacientes com tricomoníase documentada, sem confirmação de diagnóstico no parceiro.
Pontos-chave
A tricomoníase pode ser assintomática, particularmente nos homens, ou causar vaginite ou, às vezes, uretrite.
Nas mulheres, diagnosticar por exame microscópico das secreções vaginais, testes de tira reagente ou NAATs.
Nos homens sintomáticos, diagnosticar por cultura da urina, swab uretral ou possivelmente NAATs.
Tratar pacientes e seus parceiros sexuais com metronidazol ou tinidazol.