A via respiratória pode ser afetada por tumores traqueobrônquicos primários, tumores primários adjacentes com invasão ou compressão das vias respiratórias ou doença metastática para as vias respiratórias.
Os tumores traqueais primários são raros. Com frequência, são malignos e encontrados em estágio localmente avançado. Outros tumores (p. ex., tireoide, pulmão) podem invadir localmente as vias respiratórias.
Oa tumores traqueais malignos mais comuns incluem
Carcinoma adenoide cístico
Carcinoma de células escamosas
Carcinoide
Carcinomas mucoepidermoides
O tumor benigno das vias respiratórias mais comum é um
Papiloma escamoso (mais frequentemente relacionado a papilomavírus humano)
Adenomas pleomórficos, tumores cartilaginosos granulares e células granulares também ocorrem.
Sinais e sintomas dos tumores das vias respiratórias
Os pacientes geralmente apresentam
Dispneia
Tosse
Sibilos
Hemoptise
Estridor
A hemoptise, embora incomum, ocorre mais frequentemente com o carcinoma de células escamosas e pode levar a um diagnóstico precoce, enquanto sibilos ou estridores ocorrem com mais frequência com a variante adenoide cística. Inicialmente, também pode haver disfagia e rouquidão e, habitualmente, indicam doença avançada.
Diagnóstico dos tumores das vias respiratórias
Biópsia broncoscópica
Os sintomas de estreitamento das vias respiratórias (p. ex., estridor, dispneia, sibilos) podem anunciar uma obstrução das vias respiratórias potencialmente fatal. Um tumor de vias respiratórias deve ser considerado uma possível causa se esses sintomas são inexplicáveis, são de início gradual, estão associados a outros sintomas de tumores das vias respiratórias (p. ex., hemoptise inexplicada) e respondem mal a tratamentos convencionais (p. ex., se tratamentos agressivos contra a asma brônquica não aliviam a respiração ofegante ou se antibióticos para uma pneumonia aparente não reduzem os sintomas nem apresentam melhoras nos achados radiográficos).
Se houver suspeita de tumor das vias respiratórias, os pacientes exigem avaliação imediata com broncoscopia. A última pode tratar a obstrução das vias respiratórias e permitir que amostras sejam coletados para o diagnóstico. Se câncer for encontrado, testes mais extensivos para o estadiamento são feitos.
Tratamento dos tumores das vias respiratórias
Cirurgia
Às vezes, radioterapia
Técnicas de redução da obstrução
Os tumores primários das vias respiratórias devem ser tratados definitivamente, se possível, com ressecção cirúrgica. As ressecções traqueais, laringotraqueais, ou carinais são os procedimentos mais comuns. Até 50% do comprimento da traqueia pode ser ressecado de modo seguro com reanastomose primária. Se câncer do pulmão ou da tireoide invadir as vias respiratórias, às vezes a cirurgia ainda é exequível se a avaliação indicar disponibilidade de tecido suficiente para a reconstrução das vias respiratórias. Recomenda-se a radioterapia coadjuvante se não for possível obter margens cirúrgicas adequadas.
A maioria dos tumores primários das vias respiratórias não pode ser ressecada em razão de metástases, estágio localmente avançado ou comorbidades do paciente. Nos casos de tumores endoluminais, broncoscopia terapêutica pode extirpar mecanicamente a parte central do tumor. Outras técnicas para eliminar a obstrução envolvem vaporização a laser, terapia fotodinâmica, crioterapia e braquiterapia endobrônquica. Tumores que comprimem a traqueia são tratados com implante de endopróteses de vias respiratórias, radioterapia, ou ambos.
Prognóstico dos tumores de vias respiratórias
O prognóstico depende da histologia.
Os carcinomas de células escamosas tendem a enviar metástases aos linfonodos regionais e invadem diretamente as estruturas mediastinais, acarretando índices elevados de recorrência local e regional. Mesmo com a ressecção cirúrgica definitiva, a sobrevida em 5 anos é < 40% (1).
Os carcinomas adenoides císticos são tipicamente indolentes, mas tendem a enviar metástases aos pulmões e a se disseminar por via perineural, acarretando índices elevados de recorrência após a ressecção. Entretanto, esses pacientes têm sobrevida em 5 anos, de cerca de 60 a 75%, por causa da baixa taxa de crescimento do tumor.
Referência sobre prognóstico
1. Gaissert HA, Grillo HC, Shadmehr MB, et al: Long-term survival after resection of primary adenoid cystic and squamous cell carcinoma of the trachea and carina. Ann Thorac Surg 78(6):1889-1897, 2004. doi:10.1016/j.athoracsur.2004.05.064
Pontos-chave
Os tumores primários da traqueia são raros, muitas vezes malignos, e comumente já estão avançados localmente quando são reconhecidos.
Suspeitar de tumores das vias respíratórias em pacientes com dispneia inexplicável ou intratável, tosse, sibilos, hemoptise e estridor.
Pode ocorrer hemoptise, mas isso é incomum e costuma ser decorrente de carcinoma de células escamosas
Tratar com ressecção local ou, se a ressecção não é indicada, outras terapias localmente destrutivas.