As neuropatias tóxica e nutricional resultam em redução da acuidade visual, a qual considera-se ser decorrente de uma reação destrutiva na porção orbital (feixe papilomacular) do nervo óptico. Pode ser causada por inúmeros fatores tóxicos e nutricionais e provavelmente outras causas desconhecidas. O sintoma principal é a perda indolor da visão. O diagnóstico é feito por história e exame de campo visual. O tratamento inclui evitar agentes tóxicos suspeitos e/ou melhorar a nutrição do paciente.
Etiologia das neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais
A neuropatia tóxica e nutricional, geralmente, é bilateral e simétrica. Desnutrição e deficiências de vitaminas (p. ex., vitaminas B1 ou B12, ou folato) podem ser a causa, especialmente em pacientes que passaram por cirurgia bariátrica (1) e transtorno por uso de álcool. Neuropatia óptica induzida por tabaco é rara. A neuropatia óptica nutricional pode ocorrer com outros distúrbios nutricionais, como síndrome de Strachan (polineuropatia e dermatite orogenital). A deficiência de proteínas e antioxidantes é descrita como um fator de risco.
Chumbo, metanol, cloranfenicol, digoxina, etambutol e muitos outros produtos químicos também podem causar dano tóxico ao nervo óptico.
Referência geral
1.Jefferis JM, Hickman SJ: Treatment and outcomes in nutritional optic neuropathy. Curr Treat Options Neurol 21(1):5, 2019. doi: 10.1007/s11940-019-0542-9
Sinais e sintomas de neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais
Em pacientes com neuropatia óptica tóxica ou nutricional, ofuscamento e obscurecimento da visão normalmente se desenvolvem ao longo de dias a semanas. No início, um pequeno escotoma central ou paracentral aumenta lentamente, geralmente envolvendo a mancha cega (escotoma centrocecal) e o ponto de fixação, interferindo progressivamente na visão. A visão de cores pode ser perdida de modo desproporcional à perda da acuidade visual. Cegueira total pode ocorrer com a ingestão de metanol, mas outras causas nutricionais tipicamente causam perda significativa da visão central, mas, em geral, não a perda completa da visão. Anormalidades da retina geralmente não ocorrem, mas palidez do disco temporal se desenvolve ao longo do tempo.
Diagnóstico de neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais
Principalmente avaliação clínica
Um histórico de desnutrição, cirurgia bariátrica ou exposição a substâncias tóxicas ou químicas, combinado com escotomas cecocentrais bilaterais típicos (causados pelo envolvimento do disco óptico e fibras papilomaculares) no teste de campo visual sugere o diagnóstico e tratamento. Realizam-se testes laboratoriais para identificar intoxicação por chumbo, metanol, deficiências nutricionais ou outras toxinas suspeitas.
Tratamento de neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais
Tratar a causa da neuropatia óptica
Recursos para visão baixa
Trata-se a causa da neuropatia óptica do paciente. Exposição a substâncias tóxicas deve ser interrompida imediatamente. Álcool e outros produtos químicos ou medicamentos potencialmente causadores, ou drogas ilícitas devem ser evitados. A quelação é indicada na intoxicação por chumbo. Diálise, fomepizol, etanol ou uma combinação é utilizada para intoxicação por metanol e etilenoglicol (ver Álcool, metil na tabela Sintomas e tratamento de venenos específicos). O tratamento com vitamina B por via oral ou parenteral e/ou folato antes que a perda da visão se torne grave pode reverter a situação nos casos em que desnutrição é a possível causa.
Aparelhos para visão subnormal (p. ex., lupas, dispositivos de impressão grande, relógios falantes) podem ser úteis.
Prognóstico para neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais
Pacientes com visão diminuída podem melhorar se a causa for tratada ou removida rapidamente. Uma vez que o nervo óptico tenha atrofiado, a visão não pode mais ser recuperada.
Pontos-chave
A neuropatia tóxica ou nutricional consiste em acuidade visual reduzida causada mais frequentemente por medicamentos, drogas ilícitas ou toxinas, ou deficiências nutricionais, especialmente em alcoolistas ou naqueles submetidos à cirurgia bariátrica.
A perda de visão costuma ser gradual e parcial, envolvendo a visão central.
O diagnóstico é principalmente clínico (p. ex., escotoma bilateral cecocentral, história sugestiva).
Tratar a causa (p. ex., interromper a exposição a um fármaco ou toxina, melhorar a nutrição).