Infecções helmínticas no cérebro

PorJohn E. Greenlee, MD, University of Utah Health
Revisado/Corrigido: jul. 2024
Visão Educação para o paciente

    Vermes parasitas helmínticos infectam o sistema nervoso central (SNC) de milhões de pessoas nos países em desenvolvimento. Pessoas infectadas que visitam ou imigram para áreas não endêmicas, incluindo os Estados Unidos, podem introduzi-los na região. Os vermes podem causar meningite, encefalite, lesão expansiva cerebral, hidrocefalia, acidente vascular encefálico e mielopatia.

    (Ver também Introdução a infecções encefálicas.)

    Neurocisticercose

    (Ver também Cisticercose.)

    Aproximadamente 20 helmintos que podem causar distúrbios neurológicos, sem dúvida a tênia do porco (Taenia solium) é responsável pela maioria dos casos no Ocidente. A doença resultante é a neurocisticercose. Quando uma pessoa ingere alimento contaminado com ovos do verme, as larvas migram para os tecidos, incluindo encéfalo, medula espinal e vias liquóricas, formando cistos. O diâmetro do cisto raramente ultrapassa 1 cm no parênquima neural e 5 cm nas vias liquóricas. Cistos mais antigos frequentemente se calcificam.

    Os cistos do parênquima cerebral causam poucos sintomas até que a morte dos vermes determine inflamação local, gliose e edema, causando crises epilépticas (mais comuns), deficits neurológicos focais ou cognitivos, ou alterações de personalidade. Cistos grandes situados nas vias liquóricas podem provocar hidrocefalia obstrutiva. Os cistos podem romper-se no líquido cefalorraquidiano, causando meningite eosinofílica aguda ou subaguda. Sem tratamento, a neurocisticercose pode causar morte; as causas de morte incluem encefalite, meningite, hidrocefalia e convulsões não tratadas.

    Suspeita-se de neurocisticercose em pacientes que moraram ou são oriundos de países em desenvolvimento e que apresentam meningite eosinofílica ou convulsões inexplicáveis, deficits focais ou cognitivos ou alterações da personalidade. Sua presença é sugerida por múltiplas lesões císticas calcificadas observadas em TC ou RM; um meio de contraste pode intensificar as lesões. O diagnóstico requer testes sorológicos no líquido cefalorraquidiano e no soro e, ocasionalmente, biópsia do cisto.

    Anti-helmínticos são o tratamento de primeira linha. Albendazol é o medicamento anti-helmíntico de escolha. Como alternativa, podem-se administrar praziquantel por via oral 3 vezes ao dia, por 30 dias. Recomenda-se albendazol combinado com praziquantel para aqueles com > 2 cisticercos parenquimatosos viáveis (1). Dexametasona IV ou oral nos primeiros 2 a 4 dias pode diminuir a resposta inflamatória aguda à medida que os vermes morrem. Se a terapia anti-helmíntica resultar na morte de muitos organismos, o cérebro pode inchar significativamente em pacientes com um grande número de cistos. Em estudos sobre o tratamento com albendazol em pacientes com um único cisto, houve menos recorrência das crises no grupo albendazol em comparação ao grupo placebo/sem anti-helmíntico. No entanto, mais eventos adversos parecem ser observados em participantes tratados com albendazol ou praziquantel em comparação com aqueles que receberam placebo ou nenhum anti-helmíntico (2). O tratamento deve ser cuidadosamente individualizado.

    Pode ser necessário tratamento a curto ou longo prazo com anticonvulsivantes. Também podem ser necessárias excisões cirúrgicas dos cistos e derivações ventriculares (derivações).

    Outras infecções helmínticas

    Na esquistossomose ocorre formação de granulomas eosinofílicos necrosantes no encéfalo, causando convulsões, elevação da pressão intercraniana e deficits neurológicos difusos e focais.

    Cistos equinocócicos (hidáticos) solitários e grandes podem causar deficits focais e, ocasionalmente, convulsões.

    Cenuríase, causada por larvas de tênia (Taenia spp), costuma produzir cistos em forma de cacho de uvas que podem obstruir o fluxo de líquido cefalorraquidiano no 4º ventrículo.

    São necessários vários anos para que os sintomas desses cistos se desenvolvam e, se há envolvimento do cérebro, incluem hipertensão intracraniana, convulsões, perda de consciência e deficits neurológicos focais. Realizam-se exames de neuroimagem e testes sorológicos para diferenciar esses cistos e para diferenciá-los da neurocisticercose.

    A gnatostomíase, uma infecção rara pela larva do nematódeo Gnathostoma spp, resulta em tratos necróticos envolvidos por inflamação ao longo das raízes nervosas, da medula espinal e do encéfalo, ou em hemorragia subaracnoidea, causando febre baixa, torcicolo, fotofobia, cefaleia, deficits neurológicos migratórios (afetando ocasionalmente o VI ou VII pares cranianos) e paralisia. Suspeita-se de gnostostomíase em viajantes que retornam de partes da Ásia, do Oriente Médio, da Europa, da África e dasAméricas Central ou do Sul e que residem nessas áreas, e que têm edema cutâneo migratório ou meningite eosinofílica inexplicável. O diagnóstico exige testes de neuroimagem e LCR.

    Referências

    1. 1. White AC Jr, Coyle CM, Rajshekhar V, et al: Diagnosis and treatment of neurocysticercosis: 2017 Clinical Practice Guidelines by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society of Tropical Medicine and Hygiene (ASTMH). Clin Infect Dis 66(8):e49-e75, 2018. doi: 10.1093/cid/cix1084

    2. 2. Monk EJM, Abba K, Ranganathan LN: Anthelmintics for people with neurocysticercosis. Cochrane Database Syst Rev 6(6):CD000215, 2021. doi: 10.1002/14651858.CD000215.pub5

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