Hemangiomas infantis são lesões hiperplásicas vasculares elevadas, vermelhas ou purpúreas que surgem no primeiro ano de vida. A maioria involui espontaneamente; aquelas que obstruem a visão, vias respíratórias ou outras estruturas requerem tratamento. O tratamento ideal varia de acordo com diversos fatores específicos do paciente.
O hemangioma infantil é o tumor mais comum da infância, afetando 5 a 10% das crianças até 1 ano de idade (1). Hemangiomas infantis estão presentes no nascimento em 10% a 20% dos recém-nascidos afetados e quase sempre nas primeiras semanas da vida; ocasionalmente, lesões mais profundas serão aparentes somente alguns meses após o nascimento. O tamanho e a vascularização aumentam rapidamente, geralmente atingindo o pico com a idade de 1 ano.
Os hemangiomas infantis podem ser classificados pela aparência geral (superficial, profundo ou cavernoso) ou por outros termos descritivos (p. ex., hemangioma em morango). No entanto, como todas essas lesões compartilham a mesma fisiopatologia e história natural, o termo hemangioma infantil é o preferido.
Referência geral
1. Tiemann L, Hein S: Infantile hemangioma: A review of current pharmacotherapy treatment and practice pearls. J Pediatr Pharmacol Ther 25(7):586-599, 2020. doi: 10.5863/1551-6776-25.7.586
Sinais e sintomas dos hemangiomas infantis
As lesões superficiais são de aparência vermelho-brilhante e as mais profundas, azuladas. As lesões podem sangrar ou ulcerar por pequenos traumas, e as úlceras são dolorosas.
Os hemangiomas infantis em certas localizações interferem na função. Um HI na face ou orofaringe pode interferir na visão ou obstruir a via respiratória; aqueles localizados perto do meato uretral ou ânus prejudicam a eliminação de urina e fezes. O hemangioma periocular em um neonato é considerado uma emergência e deve ser tratado imediatamente para evitar defeitos definitivos na visão. Os hemangiomas lombossacrais representam um sinal de anomalias gastrointestinais ou neurológicas subjacentes.
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As lesões lentamente involuem, começando aos 12 a 18 meses, diminuindo o tamanho e a vascularização. Em geral, os hemangiomas infantis involuem 10%/ano de acordo com a idade (p. ex., 50% aos 5 anos, 60% aos 6 anos), com involução máxima aos 10 anos de idade. Essas lesões involutivas se tornam amareladas ou telangiectásicas, com textura enrugada ou fibrogordurosa frouxa. As alterações residuais são quase sempre proporcionais ao máximo do tamanho e da vascularização.
Diagnóstico dos hemangiomas infantis
Avaliação clínica
O diagnóstico dos hemangiomas infantis é clínico; a extensão pode ser avaliada por RM, se houver suspeita de que a lesão esteja incrustada em estruturas virais.
Tratamento dos hemangiomas infantis
Individualizado com base no local, tamanho e gravidade das lesões
Para lesões superficiais ou não complicadas que exigem tratamento, possivelmente corticoides tópicos ou intralesionais ou betabloqueadores tópicos (1)
Para lesões complicadas ou de alto risco que exigem tratamento, propranolol oral (2)
Cuidados gerais para lesões ulceradas
Normalmente evitar cirurgia
Não há recomendação de tratamento universal para hemangioma infantil. Como a maioria das lesões desaparece espontaneamente, geralmente indica-se observação antes de iniciar o tratamento. Deve-se considerar o tratamento para lesões complicadas ou de alto risco, isto é, aquelas que
São potencialmente fatais
Ameaçam funções (p. ex., visão)
Envolvem grandes áreas da face
Estão distribuídos ao longo da área da barba
São ulceradas
São múltiplas
São lombossacrais
O tratamento tópico e os cuidados das feridas são úteis em lesões ulceradas, ajudando a prevenir cicatrizes, sangramento e dor. Pode-se utilizar compressas, mupirocina ou metronidazol tópicos, curativos de barreira (em geral, curativo de filme de poliuretano ou gaze impregnada de vaselina) ou cremes de barreira para prevenir a infecção e/ou reduzir a colonização.
A menos que as complicações comprometam a vida ou os órgãos vitais, a excisão cirúrgica ou procedimentos destrutivos devem ser evitados, pois geralmente causam mais cicatrizes do que quando há involução espontânea. Para ajudar os familiares a aceitar a não intervenção, o médico deve informar a história natural (amostras de fotografias são úteis), tirar fotografias periódicas da lesão para documentar a involução e dar atenção às dúvidas a respeito da doença.
Referências sobre o tratamento
1. Boos MD, Castelo-Soccio: Experience with topical timolol maleate for the treatment of ulcerated infantile hemangiomas (IH). J Am Acad Dermatol 74(3):567-570, 2016. doi: 10.1016/j.jaad.2015.10.021
2. Hogeling M, Adams S, Wargon O: A randomized controlled trial of propranolol for infantile hemangiomas. Pediatrics 128(2):e259-266, 2011. doi: 10.1542/peds.2010-0029
Pontos-chave
Hemangiomas infantis afetam 5% a 10% das crianças no 1º ano de idade.
As lesões involuem lentamente, começando aos 12 a 18 meses, alcançando involução máxima aos 10 anos.
Utilizar tratamentos tópicos e cuidados com feridas para lesões ulceradas e para ajudar a prevenir cicatrizes, sangramento e dor.
A menos que complicações coloquem a vida em risco ou órgãos vitais sejam comprometidos, evitar a cirurgia.