Fasciolíase é uma infecção causada pelo trematódeo Fasciola hepatica, que é adquirido com a ingestão de agrião contaminado ou outras plantas aquáticas. As manifestações iniciais incluem dor abdominal e hepatomegalia. O diagnóstico é por sorologia ou detecção dos ovos nas fezes, em aspirados duodenais ou em amostras de bile. Triclabendazol ou, possivelmente, nitazoxanida.
Trematódeos são parasitas achatados que infectam várias partes do corpo (p. ex., vasos sanguíneos, trato gastrointestinal, pulmões, fígado) dependendo da espécie.
F. hepatica é o trematódeo do fígado de ovelhas e gados. A fasciolíase humana incidental, adquirida pela ingestão de agrião contaminado por esterco de ovelha ou de gado, ocorre na Europa, na África, na China e na América do Sul, mas é rara nos Estados Unidos.
Image from the Centers for Disease Control and Prevention, Global Health, Division of Parasitic Diseases and Malaria.
Na infecção aguda, as larvas imaturas migram pela parede intestinal, cavidade peritoneal, cápsula e parênquima do fígado, antes de entrarem nos ductos biliares, nos quais se tornam adultas em cerca de 3 a 4 meses. Os adultos põem ovos, que atravessam os ductos biliares, alcançam o duodeno e são então expelidos nas fezes.
Ver também informações sobre fasciolíase nos seguintes endereços: World Health Organization (WHO) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Sinais e sintomas da fasciolíase
A fasciolíase aguda pode causar dor abdominal, hepatomegalia, náuseas, vômitos, febre intermitente, urticária, mal-estar e perda ponderal decorrente de lesão hepática.
A infecção crônica pode ser assintomática ou conduzir à dor abdominal intermitente, colelitíase, colangite, icterícia obstrutiva ou pancreatite.
Infecção grave pode causar colangite esclerosante e cirrose biliar. Podem ocorrer lesões ectópicas na parede do intestino, nos pulmões, ou em outros órgãos.
Fasciolose faríngea que resulta em disfagia foi notificada após o consumo de fígado cru infectado no Oriente Médio; essa síndrome é chamada halzoun. Halzoun não está bem caracterizado, e outros patógenos também foram propostos como etiologia (1).
Referência sobre sinais e sintomas
1. Khalil G, Haddad C, Otrock ZK, et al: Halzoun, an allergic pharyngitis syndrome in Lebanon: the trematode Dicrocoelium dendriticum as an additional cause. Acta Trop 125(1):115-118, 2013. doi:10.1016/j.actatropica.2012.09.013
Diagnóstico da fasciolíase
Exame microscópico das fezes ou material duodenal ou biliar para ovos
Sorologias
Deve-se considerar fasciolíase em pacientes com dor abdominal e/ou hepatomegalia e história alimentar de ingestão de agrião ou consumo de vegetais crus expostos à água contaminada.
Quando existe suspeita de fasciolíase, os pacientes devem fazer exame de fezes à procura de ovos e testes séricos de anticorpos. Achados de suporte nos exames de sangue e de imagem realizados para avaliação de queixas abdominais incluem anemia, eosinofilia, testes de função hepática anormais, velocidade de hemossedimentação elevada, além de hipergamaglobulinemia e lesões hipodensas no fígado na TC durante a fase aguda da fasciolíase.
Se o exame de fezes e o teste de anticorpos são negativos ou duvidosos, mas ainda existir suspeita de fasciolíase (isto é, com base em vários achados de suporte, particularmente eosinofilia), deve-se fazer endoscopia com aspiração duodenal e biliar. Pode-se detectar ovos e, às vezes, vermes adultos em amostras coletadas durante endoscopia.
Ensaios de detecção de anticorpos são especialmente úteis em
Estágios iniciais da infecção antes que os ovos sejam produzidos (a produção de ovos tipicamente começa pelo menos 3 a 4 meses após a exposição)
Infecção crônica quando a produção de ovos é esporádica ou baixa
Perda da detecção de anticorpos ocorre 6 a 12 meses após a cura.
Nas infecções crônicas, os ovos podem ser recuperados das fezes ou de material duodenal ou biliar. Os ovos são indiferenciáveis daqueles da Fasciolopsis buski.
Em áreas endêmicas, os ovos também podem ser vistos nas fezes após a ingestão de fígado de animais infectados, que não são infectantes para seres humanos, resultando em diagnóstico errôneo de fasciolíase. Assim, deve-se solicitar que os pacientes sigam uma dieta livre de fígado durante vários dias antes do exame de fezes.
Ultrassonografia, TC, RM, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) ou colangiografia podem detectar anormalidades do trato biliar na doença crônica.
Tratamento da fasciolíase
Triclabendazol ou, possivelmente, nitazoxanida
O tratamento da fasciolíase para pacientes ≥ 6 anos é com 2 doses de 10 mg/kg de triclabendazol, administradas com intervalo de 12 horas, por via oral, com alimentos. Nitazoxanida 500 mg por via oral duas vezes ao dia por 7 dias pode ser eficaz, mas os dados são limitados.
A insucesso do tratamento é comum com o praziquantel; não é recomendado.
Em alguns pacientes, a extração dos vermes adultos do trato biliar por CPRE pode ser útil.
A prevenção é feita não comendo agrião ou outras plantas de água doce nas regiões onde a F. hepatica é endêmica. Deve-se avaliar os familiares das pessoas infectadas à procura de fasciolíase.