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Angiostrongilíase

(Verme-do-pulmão do rato)

PorChelsea Marie, PhD, University of Virginia;
William A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine
Reviewed ByChristina A. Muzny, MD, MSPH, Division of Infectious Diseases, University of Alabama at Birmingham
Revisado/Corrigido: jan. 2025
Visão Educação para o paciente

Angiostrongilíase é uma infecção por larvas de nematoides (vermes) do gênero Angiostrongylus. A apresentação clínica e o diagnóstico diferem de acordo com a espécie. A. cantonensis causa meningite eosinofílica, com sintomas neurológicos, rigidez cervical e, às vezes, febre ou outros sintomas sistêmicos. O diagnóstico é feito por punção lombar e teste PCR do líquido cefalorraquidiano e sorologia, e o tratamento inclui corticoides e cuidados de suporte. A. costaricensis causa enterite eosinofílica (angiostrongilíase abdominal) com sintomas gastrointestinais e, às vezes, febre ou outros sintomas sistêmicos. O diagnóstico é feito por biópsia cirúrgica dos tecidos abdominais e o tratamento é de suporte. Para ambas as espécies, o tratamento com anti-helmínticos é ineficaz ou prejudicial.

Recursos do assunto

Angiostrongylus são parasitas de ratos (vermes pulmonares de rato). As larvas excretadas são ingeridas por hospedeiros intermediários (caracóis e lesmas terrestres) e hospedeiros paratênicos ou transportadores (hospedeiros que não são necessários para o desenvolvimento do parasita, mas que podem transmitir a infecção para seres humanos, como certos caranguejos terrestres, camarões de água doce, rãs e sapos). A infecção humana é adquirida pela ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte crus ou mal cozidos ou de produtos crus que contenham um pequeno caramujo ou lesma ou parte de um. Os rastros de muco de lesmas e caramujos podem conter um pequeno número de larvas, mas não são considerados fontes importantes de infecção (1).

A infecção por A. cantonensis (angiostrongilíase neural) ocorre predominantemente no Sudeste Asiático e na Bacia do Pacífico, embora a infecção tenha sido notificada em outros lugares, como Caribe, Havaí e partes do sul dos Estados Unidos. É uma das causas mais comuns da meningite eosinofílica em todo o mundo (2). As larvas migram do trato gastrointestinal para as meninges, onde causam meningite eosinofílica com febre, cefaleia e meningismo, acompanhados por eosinofilia. Ocasionalmente ocorre invasão ocular.

A infecção por A. costaricensis (angiostrongilíase abdominal) ocorre nas Américas, predominantemente na América Latina e Caribe. Vermes adultos residem nas arteríolas da área ileocecal e os ovos podem ser liberados nos tecidos intestinais, resultando em inflamação local com dor abdominal, vômitos e febre; essa infecção pode imitar apendicite. Angiostrongilíase abdominal é frequentemente acompanhada de eosinofilia, e pode se desenvolver uma massa dolorosa no quadrante inferior direito.

(Ver também Abordagem a infecções parasitárias.)

Referências gerais

  1. 1. Kramer KJ, Posner J, Gosnell WL. Role of Gastropod Mucus in the Transmission of Angiostrongylus cantonensis, a Potentially Serious Neurological Infection. ACS Chem Neurosci. 2018;9(4):629-632. doi:10.1021/acschemneuro.7b00491

  2. 2. CDC Yellow Book 2024: Angiostrongyliasis. Accessed November 27, 2024.

Sinais e sintomas de angiostrongilíase

A meningite eosinofílica causada por A. cantonensis se manifesta com sintomas neurológicos, como cefaleia intensa, diplopia, parestesia, hiperestesia ou convulsões (1). Sintomas ou sinais de rigidez cervical (rigidez da nuca) estão tipicamente presentes. Os pacientes podem desenvolver febre baixa, dores no corpo, fadiga ou sintomas gastrointestinais (p. ex., náuseas, vômitos, dor abdominal). Em casos graves, podem ocorrer cegueira, paralisia ou morte.

A enterite eosinofílica causada por A. costaricensis se manifesta com dor abdominal, náuseas, vômitos e/ou diarreia e, às vezes, peritonite ou uma massa abdominal palpável (2). Febre ou outros sintomas sistêmicos (p. ex., fadiga) podem estar presentes. Em casos graves, pode ocorrer perfuração intestinal.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. CDC Yellow Book 2024: Angiostrongyliasis. Accessed November 27, 2024.

  2. 2. Walger LK, Rodriguez R, Marcolongo-Pereira C, et al. Diagnostic criteria and case definitions for abdominal angiostrongyliasis: a systematic review from the Brazilian experience. Parasitol Res. 2024;123(3):155. Published 2024 Mar 6. doi:10.1007/s00436-024-08177-2

Diagnóstico da angiostrongilíase

  • Se houver suspeita de meningite (A. cantonensis), análise do líquido cefalorraquidiano (LCR)

  • Se houver suspeita de enterite (A. costaricensis), biópsia cirúrgica para identificar ovos e larvas em vários tecidos ou vermes adultos no lúmen da artéria mesentérica ou seus ramos

  • Hemograma completo

  • Às vezes sorologia

Suspeita-se de angiostrongilíase com base na história de ingestão de material potencialmente contaminado, incluindo hospedeiros intermediários ou de transporte.

Pacientes com achados meníngeos requerem punção lombar com teste PCR do LCR, que tipicamente mostra pressão elevada do LCR, proteínas elevadas e leucócitos com eosinófilos > 10% (podendo chegar até 70%). Hemograma completo mostra eosinofilia > 5% no sangue; parasitas A. cantonensis são raramente visíveis. A eosinofilia periférica nem sempre se correlaciona bem com a eosinofilia no LCR. Lesões focais geralmente não são observadas na tomografia computadorizada (TC) ou na ressonância magnética (RM) do cérebro. Larvas e ovos de A. cantonensis não estão presentes nas fezes.

O diagnóstico de infecção gastrointestinal por A. costaricensis é difícil porque larvas e ovos não estão presentes nas fezes. O diagnóstico definitivo é feito se a cirurgia abdominal for realizada (muitas vezes para outra etiologia suspeita dos sintomas, por exemplo, apendicite) e a avaliação histológica identificar ovos ou larvas em biópsias de vários tecidos abdominais ou identificar vermes adultos no lúmen da artéria mesentérica ou seus ramos. Uma alta porcentagem de eosinófilos (> 10%) pode estar presente no sangue e no tecido infectado (1).

Imunoensaios e testes diagnósticos moleculares não estão amplamente disponíveis. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) oferece teste por reação em cadeia da polimerase (PCR [polymerase chain reaction]) para A. cantonensis no líquido cefalorraquidiano (2); testes moleculares para A. costaricensis estão disponíveis apenas em laboratórios de pesquisa.

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Rojas A, Maldonado-Junior A, Mora J, et al. Abdominal angiostrongyliasis in the Americas: fifty years since the discovery of a new metastrongylid species, Angiostrongylus costaricensisParasit Vectors. 2021;14(1):374. Published 2021 Jul 22. doi:10.1186/s13071-021-04875-3

  2. 2. Qvarnstrom Y, da Silva AC, Teem JL, et al. Improved molecular detection of Angiostrongylus cantonensis in mollusks and other environmental samples with a species-specific internal transcribed spacer 1-based TaqMan assay. Appl Environ Microbiol. 2010;76(15):5287-5289. doi:10.1128/AEM.00546-10

Tratamento da angiostrongilíase

  • Para meningite, corticoides e, às vezes, punção lombar para reduzir a pressão intracraniana

A meningite por A. cantonensis é tratada com analgésicos e remoção de LCR em intervalos frequentes para reduzir a pressão intracraniana; os corticoides podem diminuir a frequência da punção lombar terapêutica (1). A maioria dos pacientes apresenta um curso autolimitado e recupera-se completamente. A terapia anti-helmíntica pode aumentar a resposta inflamatória porque resulta na liberação de antígenos do parasita.

Não há tratamento específico para infecção por A. costaricensis; a maioria das infecções desaparece de forma espontânea. Os anti-helmínticos parecem não ser eficazes e podem levar a migração adicional dos vermes e piorar os sintomas (2).

Referências sobre tratamento

  1. 1. Ansdell V, Kramer KJ, McMillan JK, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of neuroangiostrongyliasis: updated recommendations. Parasitology. 2021;148(2):227-233. doi:10.1017/S0031182020001262

  2. 2. Loría-Cortés R, Lobo-Sanahuja JF. Clinical abdominal angiostrongylosis. A study of 116 children with intestinal eosinophilic granuloma caused by Angiostrongylus costaricensisAm J Trop Med Hyg. 1980;29(4):538-544.

Prevenção da angiostrongilíase

Pessoas que habitam ou viajam para áreas com A. cantonensis ou A. costaricensis devem evitar ingerir caramujos, lesmas, camarões de água doce, caranguejos terrestres, rãs, lacraias e lagartos crus ou mal cozidos, bem como vegetais e sucos de vegetais potencialmente contaminados.

Pontos-chave

  • Os seres humanos adquirem Angiostrongylus ao ingerir caramujos ou lesmas crus ou mal cozidos ou os hospedeiros transportadores desses organismos (certos caranguejos terrestres, rãs, sapos ou camarões de água doce).

  • As larvas de A. cantonensis migram do trato gastrointestinal para as meninges, nas quais causam meningites eosinofílicas; ovos de A. costaricensis podem ser liberados nos tecidos intestinais, causando dor abdominal, vômito e febre.

  • Ovos não estão presentes nas fezes dos pacientes com angiostrongilíase.

  • Tratar a infecção neural meningítica por A. cantonensis com analgésicos, corticoides e, se a pressão intracraniana estiver elevada, remoção do líquido cefalorraquidiano em intervalos frequentes.

  • Tratar a infecção por A. costaricensis com anti-helmínticos parece não ser eficaz e pode levar a migração adicional dos vermes e piorar os sintomas.

  • A maioria das infecções por Angiostrongylus se resolve espontaneamente.

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