Listeriose

(Listeria)

PorLarry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University;
Maria T. Vazquez-Pertejo, MD, FACP, Wellington Regional Medical Center
Revisado/Corrigido: mar. 2023
Visão Educação para o paciente

A listeriose manifesta-se como bacteremia, meningite, cerebrite, dermatite, uma síndrome oculoglandular, infecções intrauterinas e neonatais ou, raramente, endocardite causada por Listeria spp. Os sintomas variam de acordo com o sistema de órgãos afetados. Infecção intrauterina pode causar morte fetal. O diagnóstico é feito por isolamento laboratorial. O tratamento é feito com penicilina ou ampicilina (muitas vezes junto com aminoglicosídios) ou sulfametoxazol/trimetoprima.

(Ver também Listeriose neonatal.)

Listeria são pequenos bacilos, não álcool-ácido resistentes, não encapsulados, não formadores de esporos, beta-hemolíticos, Gram-positivos aeróbios e anaeróbios facultativos que possuem mobilidade característica. Em todo o mundo estão presentes no meio ambiente e no intestino de mamíferos não humanos e humanos, pássaros e crustáceos. Há várias espécies de Listeria, mas L. monocytogenes é o principal patógeno nos seres humanos.

Nos Estados Unidos, há cerca de 1.600 casos de listeriose anualmente e cerca de 260 pessoas morrem (1). O pico ocorre no verão. Taxas de crise são mais altas em recém-nascidos, em adultos ≥ 60 anos e em pacientes imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV/aids. A listeriose é 10 vezes mais provável em gestantes e 24 vezes mais provável em gestantes hispânicas do que em gestantes da população em geral (1).

Transmissão

Em razão de o L. monocytogenes ser ubíquo no meio ambiente, as oportunidades de contaminação são numerosas durante o processo da produção de alimentos. Praticamente todos os tipos de alimentos hospedam e transmitem L. monocytogenes, mas normalmente a infecção ocorre pela ingestão de lacticínios, vegetais crus, carnes contaminadas ou, especialmente, alimentos refrigerados que não precisam ser cozidos antes de consumidos. A contaminação é favorecida pela capacidade do L. monocytogenes de sobreviver e crescer em temperaturas de refrigerador.

A infecção também pode ocorrer por contato direto e durante o abate de animais infectados.

Dicas e conselhos

  • Listeria monocytogenes podem se reproduzir em temperaturas de resfriamento, assim alimentos contaminados levemente refrigerados podem tornar-se fortemente contaminados.

Fatores de risco

Em razão de a multiplicação do L. monocytogenes ser intracelular, o controle da listeriose necessita de imunidade celular mediada; assim as pessoas a seguir têm maior risco:

  • Pacientes imunocomprometidos

  • Recém-nascidos

  • Pessoas idosas

  • Gestantes

Em gestantes, a infecção por listeria é geralmente leve. No entanto, a infecção pode se disseminar pré-parto e intraparto de mãe para filho e pode causar aborto espontâneo, natimortos, parto prematuro ou morte do recém-nascido.

Listeria pode causar infecção potencialmente fatal no neonato (ver Listeriose neonatal), incluindo bacteremia e pneumonia, e são uma causa comum de meningite bacteriana neonatal.

Referência geral

  1. 1. CDC: People at Risk—Pregnant Women and Newborns. Acessado em 22/12/2022.

Sinais e sintomas da listeriose

Bacteremia primária por listeria é rara e causa febre alta sem sinais e sintomas localizados. Pode ocorrer endocardite, peritonite, artrite séptica, osteomielite, colecistite e pleuropneumonia. Gastroenterite febril pode ocorrer após a ingestão de alimentos contaminados. A listeremia pode provocar infecção intrauterina, corioamnionite, parto prematuro, óbito fetal, ou infecção do recém-nascido.

A meningite é decorrente de Listeria em até 20% dos casos em recém-nascidos e em pacientes > 60 anos de idade. Vinte por cento dos casos progridem para cerebrite, tanto para encefalite difusa como para romboencefalite, em raras ocasiões, e abscessos; a romboencefalite se manifesta com alteração do nível de consciência, paralisia de pares cranianos, perda de sinais cerebelares e perda motora e sensitiva.

Listeriose oculoglandular pode causar oftalmite e aumento de linfonodos regionais (síndrome de Parinaud). Pode seguir-se à inoculação conjuntival e, se não tratada, pode progredir para bacteremia e meningite.

Diagnóstico da listeriose

  • Cultura

Infecções por Listeria são diagnosticadas por meio de cultura de sangue ou de líquido cefalorraquidiano. O laboratório deve ser informado sobre a suspeita de L. monocytogenes, porque o microrganismo é facilmente confundido com difteroides.

Em todas as infecções por Listeria, os títulos mais altos de aglutininas de imunoglobulina G (IgG) são encontrados em 2 a 4 semanas após o início da doença.

Tratamento da listeriose

  • Ampicilina ou penicilina G, normalmente com um aminoglicosídeo

A meningite por Listeria é mais bem tratada com ampicilina, 2 g, IV, a cada 4 horas. A maioria dos especialistas recomenda acrescentar gentamicina (1 mg/kg, IV a cada 8 horas) considerando o sinergismo in vitro. As cefalosporinas não são eficazes.

Para o tratamento da meningite neonatal, ver Tratamento específico com antibióticos para o organismo.

A endocardite e a listeremia primária são tratadas com ampicilina, 2 g, IV, a cada 4 horas, associada à gentamicina (pelo sinergismo), durante 6 semanas (para endocardite) e 2 semanas (para bacteremia) além da defervescência.

A listeriose oculoglandular e a dermatite por Listeria devem responder à eritromicina, 10 mg/kg, por via oral, a cada 6 horas, mantida até 1 semana após a defervescência.

As cefalosporinas não possuem atividade in vitro e não devem ser utilizadas; foram reportadas falhas com a vancomicina. Uma alternativa é o emprego de sulfametoxazol/trimetoprima, 5/25 mg/kg, IV, a cada 8 horas. A linezolida é ativa in vitro, mas não há experiência clínica suficiente.

Prevenção da listeriose

Como a contaminação dos alimentos é comum e como a L. monocytogenes pode se reproduzir em temperaturas dos refrigeradores, os alimentos levemente contaminados podem tornar-se fortemente contaminados mesmo durante o resfriamento. Esse problema é particularmente preocupante quando os alimentos (p. ex., alimentos refrigerados prontos para comer) são ingeridos sem cozimento. Assim, a higiene alimentar adequada é importante, particularmente para pessoas em risco (p. ex., pacientes imunodeprimidos, gestantes, idosos). Aqueles em risco devem evitar comer o seguinte:

  • Queijos de pasta mole feitos com leite não pasteurizado (p. ex., queijo feta, brie, camembert, queso fresco, queijo branco); leite cru (não pasteurizado) e produtos lácteos, embora a contaminação por Listeria possa ocorrer após a pasteurização

  • Alimentos refrigerados prontos para comer (p. ex., cachorros-quentes, frios, patês, patês de carne), a menos que eles sejam aquecidos a uma temperatura interna de 73,9° C ou fervidos antes de servir

  • Frutos dos mar defumados refrigerados (p. ex., nova-estilo, salmão defumado, peixes defumados, carne conservada), a menos que tenham sido cozidos

Pontos-chave

  • L. monocytogenes é muito comum no ambiente, mas provoca infecção em somente cerca de 1600 pessoas por ano nos Estados Unidos, normalmente por meio de produtos alimentares contaminados.

  • As crises são mais elevadas em recém-nascidos, adultos 60 anos, gestantes e pacientes imunocomprometidos.

  • Vários sistemas orgânicos podem ser afetados; a infecção materna durante a gestação pode causar morte fetal.

  • Administrar ampicilina, geralmente com gentamicina.

  • Aconselhar os pacientes de alto risco a prevenir a doença não consumindo alimentos com maior probabilidade de contaminação.

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