É a cólica biliar que ocorre na ausência de litíase, resultado de obstruções ou alterações funcionais, e que algumas vezes é tratada com colecistectomia laparoscópica ou esfincterotomia endoscópica.
(Ver também Visão geral da função biliar.)
A cólica biliar pode ocorrer na ausência de cálculos biliares, principalmente em mulheres jovens. A dor biliar acalculosa pode levar à colecistectomia laparoscópica em alguns pacientes. Causas comuns incluem:
Cálculos microscópicos (barro biliar) — não detectados pela ultrassonografia de rotina
Esvaziamento anormal da vesícula biliar (discinesia da vesícula biliar)
Hipersensibilidade do trato biliar
Disfunção do esfíncter da ampola hepatopancreática [incluindo estenose papilar e vesícula biliar funcional, esfíncter biliar ou distúrbios do esfíncter pancreático (1)]
Hipersensibilidade do duodeno adjacente
Cálculos que já tenham migrado de maneira espontânea
Referência geral
1. Cotton PB, Elta GH, Carter AR, et al: Gallbladder and sphincter of Oddi disorders. Gastroenterology S0016-5085(16)00224-9, 2016. doi: 10.1053/j.gastro.2016.02.033
Diagnóstico da dor biliar acalculosa
Em geral, ultrassonografia e, às vezes, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com manometria do esfíncter da ampola hepatopancreática
A melhor abordagem diagnóstica permanece incerta.
A colecistite acalculosa deve ser suspeitada em todo paciente com cólica biliar cujos exames de imagem não demonstrem cálculos biliares. Exames diagnósticos incluem a ultrassonografia e, se disponível, a ultrassonografia endoscópica (para cálculos < 1 cm).
Exames laboratoriais anormais podem revelar evidências de anormalidade do trato biliar (p. ex., elevação nos níveis séricos de fosfatase alcalina, bilirrubina, alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase) ou anormalidade pancreática (p. ex., lipase elevada) durante um episódio de dor intensa. Cintilografia biliar com colecistocinina para medir o esvaziamento vesicular (fração de ejeção); fármacos que potencialmente interferem, como bloqueadores de canais de cálcio, opioides e anticolinérgicos, não devem ser utilizadas. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com manometria biliar detecta estenose papilar e disfunção do músculo esfíncter da ampola hepatopancreática.
Disfunção do esfíncter da ampola hepatopancreática (distúrbio funcional da vesícula biliar, distúrbio funcional do esfíncter biliar e distúrbio funcional do esfíncter pancreático) — caracterizada por dor biliar acalculosa funcional — é diagnosticada de acordo com os critérios de Roma IV (1). Todos os critérios a seguir devem ser atendidos:
A dor ocorre no epigástrio e/ou no hipocôndrio direito.
Os sintomas recorrem em intervalos diferentes.
A dor aumenta de forma constante e dura 30 minutos ou mais.
A dor é grave o suficiente para interromper as atividades diárias ou levar a uma visita ao pronto-socorro.
A dor não está significativamente relacionada a evacuações.
A dor não é significativamente aliviada por alteração postural ou supressão ácida.
Os critérios de apoio são:
Dor com náuseas e/ou vômitos
Dor que irradia para as costas e/ou região infraescapular direita
Dor que interrompe o sono
Diagnostica-se distúrbio funcional da vesícula biliar quando os critérios de Roma IV são atendidos, na ausência de colelitíase ou de uma etiologia estrutural para a dor. Tipicamente, a cintilografia é anormal ou a fração de ejeção da vesícula biliar está diminuída.
Um esfíncter biliar funcional na disfunção do esfíncter da ampola hepatopancreática é diagnosticado quando os critérios de Roma IV são atendidos, na ausência de colelitíase ou etiologia estrutural para a dor, além de aminotransferases elevadas ou ducto biliar comum dilatado (mas não ambos). Tipicamente, os testes séricos de função pancreática são normais e os exames de manometria do esfíncter da ampola hepatopancreática e cintilografia podem ser anormais.
Um distúrbio funcional do esfíncter da ampola hepatopancreática é diagnosticado quando os critérios de Roma IV são atendidos em pacientes com história de episódios idiopáticos recorrentes de pancreatite aguda (dor típica com amilase ou lipase > 3 vezes o normal e/ou evidências de pancreatite aguda nas imagens), além de nenhuma etiologia clara, com ultrassonografia endoscópica negativa e manometria do esfíncter da ampola hepatopancreática anormal.
Referência sobre diagnóstico
1. Cotton PB, Elta GH, Carter AR, et al: Rome IV. Gallbladder and sphincter of Oddi disorders. Gastroenterology S0016-5085(16)00224-9, 2016. doi: 10.1053/j.gastro.2016.02.033
Tratamento da dor biliar acalculosa
Incerta, mas às vezes colecistectomia laparoscópica ou esfincterotomia endoscópica
A colecistectomia laparoscópica melhora o prognóstico de pacientes com microlitíase e possivelmente com disfunções da motilidade vesicular. Do contrário, o papel da colecistectomia laparoscópica ou esfincterotomia endoscópica permanece incerto. Pharmacologic therapies have no proven benefit.
Referência geral
1. Cotton PB, Elta GH, Carter CR, et al: Gallbladder and sphincter of Oddi disorders. Gastroenterology 150(6):1420-1249.e2, 2016. doi:10.1053/j.gastro.2016.02.033