A maioria dos tumores das glândulas salivares é benigna e acomete as glândulas parótidas. Um tumor em topografia salivar indolor é o sinal mais comum, e é avaliado por biópsia de punção aspirativa por agulha fina. A avaliação de imagens de TC e RM pode ser útil. Para tumores malignos, o tratamento se faz com excisão e radioterapia. Os resultados a longo prazo estão relacionados ao grau do tumor.
(Ver também Visão geral dos tumores de cabeça e pescoço.)
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Em geral, o risco de neoplasia é maior nas glândulas salivares menores do que nas glândulas salivares maiores (p. ex., a glândula parótida apresenta menor risco de neoplasia do que as glândulas salivares menores). Cerca de 85% dos tumores de glândulas salivares ocorrem nas glândulas parótidas, seguidos pelas glândulas submandibulares e glândulas salivares menores, e por volta de 1% acomete as glândulas sublinguais. Aproximadamente 75 a 80% são nódulos solitários benignos, de crescimento lento, móveis, indolores, localizados sob pele ou mucosa sadia. Às vezes, quando císticos, são moles, porém mais frequentemente são firmes.
Tumores benignos
Há muitos tipos de tumores benignos da glândula salivar. Adenomas pleomórficos (também conhecidos como tumores mistos) são os tumores benignos das glândulas salivares mais comuns. Outros tumores benignos são o cistoadenoma papilar linfomatoso (também conhecido como tumores de Warthin), os oncocitomas e os adenomas.
Tumores benignos com potencial maligno
Os adenomas pleomórficos (tumores do tipo misto) podem sofrer transformação maligna, mas isso geralmente ocorre apenas depois que o tumor benigno está presente por 15 a 20 anos. Depois de ocorrida a degeneração maligna de um adenoma pleomórfico, ele é conhecido como carcinoma ex-adenoma pleomórfico. Os elementos carcinomatosos no tumor metastatizam, transformando o carcinoma ex-adenoma pleomórfico em um tumor altamente agressivo com taxas de cura muito baixas, independentemente do tratamento.
Cilindromas benignos podem passar lentamente por uma transformação maligna em carcinomas adenoides císticos, o tumor maligno mais comum das glândulas salivares menores (e da traqueia). O pico de incidência desse tumor maligno é entre 40 e 60 anos, e os sintomas são dor intensa e, muitas vezes, paralisia do nervo facial. Esse tumor tem propensão para invasão e disseminação perineural, potencialmente se estendendo vários centímetros distantes de sua origem. A disseminação linfática não é comum. As metástases pulmonares são frequentes, apesar de os pacientes conseguirem sobreviver período considerável com elas.
Tumores malignos de glândulas salivares
Outros tumores malignos são menos comuns e podem ser caracterizados por crescimento rápido ou abrupto. Eles são firmes, nodulares e podem estar fixos às estruturas adjacentes, quase sempre com contornos mal definidos. Por fim, a pele ou a mucosa sobrejacente pode se tornar ulcerada ou os tecidos adjacentes ser acometidos.
O carcinoma mucoepidermoide é o câncer mais comum de glândulas salivares, acometendo tipicamente pessoas entre 20 e 60 anos. Ele pode manifestar-se em qualquer glândula salivar, mais comumente na glândula parótida, mas também na glândula submandibular ou glândula salivar menor do palato. Carcinomas mucoepidermoides intermediários e de alto grau podem causar metástases para os gânglios linfáticos regionais.
O carcinoma de células acinares, tumor usual de parótida, acomete pessoas entre 40 e 50 anos. Tem curso indolente e tendência à multifocalidade.
Sinais e sintomas dos tumores da glândula salivar
A maioria dos tumores benignos e malignos das glândulas salivares se manifesta como uma massa indolor. No entanto, tumores malignos podem invadir nervos, causando dor local ou regional, parestesia, causalgia (dor intensa, em queimação) ou perda de função motora.
Diagnóstico dos tumores da glândula salivar
Biópsia aspirativa por agulha fina
TC e RM para avaliação da extensão da doença
TC e RM localizam o tumor e determinam sua extensão. Biópsia aspirativa por agulha fina da massa confirma o tipo de célula. Frequentemente indica-se pesquisar se há disseminação metastática para linfonodos regionais ou metástases à distância (pulmões, fígado, ossos ou encefálico) antes de escolher o tratamento a ser utilizado.
Tratamento dos tumores das glândulas salivares
Cirurgia, eventualmente associada à radioterapia
O tratamento dos tumores benignos é a cirurgia. A taxa de recorrência é alta quando sua ressecção é incompleta.
Para tumores malignos das glândulas salivares, cirurgia, às vezes seguida de radioterapia, é o tratamento de escolha para doença ressecável. Atualmente, não existe quimioterapia eficaz para o câncer de glândulas salivares.
O tratamento do carcinoma mucoepidermoide consiste em excisão ampliada e irradiação pós-operatória para lesões de alto grau. A taxa de sobrevida em 5 anos é de 95% para o tipo de baixo grau, primariamente afetando células mucosas, e de 50% para o tipo de alto grau, afetando primariamente células epidermoides. Metástases para os gânglios linfáticos regionais, que podem ser abordados com ressecção cervical e radioterapia pós-operatória.
O tratamento do carcinoma adenoide cístico é a sua ressecção cirúrgica ampliada, mas a recidiva local é comum devido à propensão de propagação perineural. É menos provável que seja necessário tratamento nodal eletivo porque disseminação linfática é menos comum. Apesar de as taxas de sobrevida em 5 e 10 anos serem boas, as taxas em 15 e 20 anos são piores com muitos pacientes desenvolvendo metástases a distância. Metástase pulmonar e morte são comuns, embora muitos anos (normalmente décadas ou mais) possam passar desde o diagnóstico e o tratamento inicial.
O prognóstico para o carcinoma de células acinares é favorável após excisão alargada.
O tratamento primário para o carcinoma ex-adenoma pleomórfico é a parotidectomia com o objetivo de ressecção completa de todos os tecidos afetados. Realiza-se dissecção cervical se há doença nodal, além de alguns pacientes sem evidências de disseminação nodal.
Todas as cirurgias devem tentar poupar o nervo facial, o qual é sacrificado apenas nos casos de envolvimento tumoral direto.
Pontos-chave
Aproximadamente somente 20 a 25% dos tumores das glândulas salivares são malignos; a glândula parótida é mais comumente afetada.
Os cânceres são firmes, nodulares e podem estar fixos às estruturas adjacentes; dor e envolvimento nervoso (causando dormência e/ou fraqueza) são comuns.
Fazer biópsia e CT e RM se houver confirmação de câncer.
Tratar com cirurgia, às vezes também radioterapia para certos cânceres.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
National Cancer Institute’s Summary: Salivary Gland Cancer Treatment