Diarreia do viajante

(Turista)

PorJonathan Gotfried, MD, Lewis Katz School of Medicine at Temple University
Revisado/Corrigido: jun. 2023
Visão Educação para o paciente

A diarreia do viajante é uma gastroenterite geralmente causada por bactérias endêmicas da água local. Os sintomas incluem vômitos e diarreia. O diagnóstico é principalmente clínico. O tratamento é feito com reposição de líquidos e, às vezes, antibióticos para diarreia moderada a grave.

(Ver também Visão geral de gastroenterite e ver the Center for Disease Control and Prevention’s [CDC] health information for travelers’ diarrhea.)

Etiologia da diarreia do viajante

A diarreia do viajante pode ser causada por várias bactérias, vírus ou parasitas.

A causa mais comum da diarreia do viajante é

  • Escherichia coli enterotoxigênica (E. coli)

E. coli é comum em suprimentos de água em áreas com falta de saneamento básico adequado. A infecção é comum em indivíduos que viajam para países com poucos recursos.

Gastroenterite por norovírus são um problema relevante em navios de cruzeiro.

A fonte da infecção pode estar na água e comida. Os viajantes que evitam beber a água desses locais podem ainda ser infectados ao escovarem os dentes com escova inapropriadamente umedecida, ao beberem coquetéis com gelo feito com água local contaminada ou ao ingerirem alimentos manipulados inadequadamente ou lavados com água do local. Os indivíduos em uso de medicamentos que reduzem a acidez gástrica (antiácidos, bloqueadores H2 ou inibidores da bomba de prótons) estão em risco de doenças mais graves.

Sinais e sintomas da diarreia do viajante

Náuseas, vômitos, sons intestinais hiperativos, cólicas abdominais e diarreia começam 12 a 72 horas após a ingestão de alimentos ou água contaminados. A gravidade do quadro é variável. Algumas pessoas apresentam febre e mialgias. A diarreia raramente é sanguinolenta.

A maioria dos casos é leve e autolimitada, apesar de poder ocorrer desidratação, em especial nos climas quentes.

Diagnóstico da diarreia do viajante

  • Avaliação clínica

Em geral, não são necessárias medidas específicas para o diagnóstico. Entretanto, febre, dor abdominal intensa e diarreia sanguinolenta sugerem doença mais séria e devem motivar uma avaliação imediata.

Tratamento da diarreia do viajante

  • Reposição de líquidos

  • Às vezes, medicamentos antidiarreicos (antimotilidade)

  • Antibióticos (p. ex., ciprofloxacino, azitromicina) para diarreia moderada a grave

A base do tratamento da diarreia do viajante é reposição de líquidos e um antidiarreico e, como a loperamida. A dosagem de loperamida para crianças < 12 anos baseia-se no peso. Uma alternativa para adultos é difenoxilato/atropina.

Antidiarreicos não devem ser utilizados em adultos com suspeita de infecção por C. difficile ou E. coli O157:H7 (p. ex., uso recente de antibióticos, diarreia sanguinolenta, fezes heme-positivas ou diarreia com febre) ou em crianças, particularmente aquelas < 2 anos. A iodocloro-hidroxiquina, que pode estar disponível em alguns países de baixa e média renda, não deve ser utilizada porque pode causar danos neurológicos.

Dicas e conselhos

  • Antidiarreicos são contraindicados em pacientes com febre ou hematoquezia e em crianças < 2 anos.

Em geral, os antibióticos não são necessários para diarreias leves. Entretanto, em pacientes com diarreia moderada a intensa ( 3 evacuações de fezes amolecidas em 8 horas), os antibióticos são utilizados, em especial se houver vômitos, cólicas abdominais, febre ou fezes com sangue. Para adultos, a recomendação é de antibióticos orais como ciprofloxacino 500 mg 2 vezes ao dia por 3 dias ou levofloxacino 500 mg uma vez ao dia por 3 dias, embora a resistência às fluoroquinolonas pareça estar aumentando em algumas regiões, particularmente do Campylobacter. As alternativas são a azitromicina 500 mg uma vez ao dia por 3 dias ou a rifaximina 200 mg 3 vezes ao dia por 3 dias. Para crianças, prefere-se azitromicina, 5 a 10 mg/kg, uma vez ao dia, por 3 dias. (Ver também o painel de especialistas: diretrizes de 2017 para o tratamento e a prevenção da diarreia do viajante.)

Prevenção da diarreia do viajante

Os viajantes devem fazer suas refeições, por segurança, em restaurantes com boa reputação e evitar ingerir bebidas de ambulantes. Eles só devem consumir alimentos cozidos que ainda estejam quentes, frutas que possam ser descascadas e bebidas gaseificadas sem gelo servidas em garrafas lacradas (garrafas de bebidas não gaseificadas podem conter água de torneira acrescentada por fornecedores desonestos); vegetais crus (especialmente molho de vinagrete deixado na mesa) devem ser evitados. Bufês quentes e restaurantes fast-food são locais de risco.

Alguns pacientes podem exigir profilaxia se tiverem condições clínicas subjacentes que os tornam particularmente suscetíveis às consequências da diarreia do viajante. Isso inclui pacientes com comprometimento imune, incluindo doença inflamatória intestinal ou HIV, receptores de transplantes de órgãos e pacientes com doença cardiovascular ou renal grave. Pode-se administrar o antibiótico não absorvível rifaximina para profilaxia nesses pacientes. A dose de rifaximina é de 200 mg por via oral, 3 vezes ao dia. Anteriormente, prescreviam-se fluoroquinolonas; entretanto, efeitos adversos, incluindo ruptura de tendão e neuropatia periférica, limitaram seu uso. Alguns viajantes podem considerar o não antibiótico subsalicilato de bismuto como uma alternativa à profilaxia.

Pontos-chave

  • A diarreia do viajante é geralmente causada pelos enterotoxigênicos E. coli, mas vírus, parasitas e outras bactérias podem estar envolvidos.

  • O diagnóstico é clínico e geralmente não são necessários exames, a menos que haja diarreia sanguinolenta, febre ou dor abdominal.

  • O tratamento inclui reposição hídrica e, geralmente, um antidiarreico como a loperamida; contudo, os antidiarreicos são contraindicados em pacientes febris ou hematoquezia e em crianças < 2 anos.

  • Pacientes com diarreia do viajante mais grave recebem antibióticos — uma fluoroquinolona para adultos e azitromicina para crianças.

  • A prevenção é a melhor medida e envolve a seleção cuidadosa de alimentos e bebidas; antibióticos profiláticos não são rotineiramente utilizados, exceto para pacientes imunocomprometidos.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Centers for Disease Control and Prevention: Preparing international travelers for travelers’ diarrhea

  2. Expert panel: Guidelines for the prevention and treatment of travelers' diarrhea (2017)

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